A Polícia Civil de Umuarama solucionou ontem (22), um complexo caso de identificação envolvendo o corpo de um homem encontrado em avançado estado de decomposição na mata ciliar do Lago Aratimbó, em 4 de maio de 2025. Inicialmente sem identificação, o cadáver foi localizado por um transeunte, sendo encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML) da cidade para os exames periciais de praxe.
A primeira tentativa de identificação, realizada pelo Instituto de Identificação do Paraná (IIPR) por meio da análise das impressões digitais, apontou para um suposto cadastro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o nome E.D.S.S., de 48 anos. Contudo, ao entrar em contato com os familiares do indivíduo identificado, foi confirmado que a pessoa estava viva, indicando possível uso de identidade falsa.
Com a suspeita levantada, o IIPR intensificou os trabalhos em cooperação com os Institutos de Identificação de outros estados e com a Polícia Federal. Após dias de cruzamento de dados, as investigações revelaram que o verdadeiro nome do homem morto era Delmir Neres da Silva, de 49 anos, natural de Coribe, na Bahia. Delmir vinha utilizando documentos falsos em nome de E.D.S.S., com registros em Goiás, no Distrito Federal e na Bahia – incluindo um RG fraudado e um título de eleitor emitido ilegalmente.
As descobertas não pararam por aí. Consultas ao Banco Nacional de Medidas Penais e Prisões (BNMP) revelaram que Delmir era foragido da Justiça com dois mandados de prisão em aberto. O primeiro, expedido pela 3ª Vara Criminal de Aparecida de Goiânia/GO, tratava-se de uma prisão preventiva pelo crime de apropriação indébita, com validade até junho de 2025. O segundo, emitido pela 2ª Vara de Execução Penal de Goiânia/GO, estava relacionado a uma condenação por latrocínio, com pena remanescente de 25 anos e validade até fevereiro de 2034.
A Polícia Civil destacou a complexidade do caso e o empenho dos órgãos envolvidos na correta identificação do corpo. “O uso de identidade falsa dificultou o processo, mas a cooperação entre os institutos de identificação estaduais e a Polícia Federal foi fundamental para elucidar a verdadeira identidade do falecido”, afirmou a corporação.
Em relação à causa da morte, os laudos periciais não apontaram sinais evidentes de violência. Com base nas análises realizadas, a Polícia Civil acredita que Delmir tenha morrido por afogamento.
As informações serão encaminhadas aos órgãos competentes, como o Tribunal Superior Eleitoral, para a atualização dos registros e cancelamento dos documentos emitidos de forma fraudulenta. O caso segue com investigação em aberto para elucidar as circunstâncias exatas da morte, embora, até o momento, não haja indícios de homicídio.