A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira (9) a Operação Revanche, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa que usava redes sociais para promover e praticar crimes na região de fronteira entre Brasil e Paraguai. A ação foi coordenada pela Delegacia da PF em Guaíra (PR) e contou com apoio da Polícia Militar do Paraná, por meio do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) e do Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron).
De acordo com as investigações, o grupo atuava principalmente na região Oeste do Paraná, com base em cidades como Umuarama, Santa Tereza do Oeste e Castro, além de manter conexões em Itapema (SC). O principal investigado, preso em flagrante em Umuarama, administrava um perfil em rede social com mais de 300 mil seguidores. O espaço virtual, que aparentava apenas divulgar conteúdos de apologia ao crime, na prática funcionava como ferramenta para organizar delitos como tráfico de drogas, contrabando, descaminho, estelionato e exploração de jogos de azar.
O diferencial do grupo era justamente o uso estratégico da internet. O administrador da página construía uma narrativa de “causa econômico-social”, tentando legitimar práticas criminosas e atraindo seguidores ao romantizar o crime organizado. O discurso era reforçado por uma identidade visual própria, que incluía a venda de bonés, camisetas e outros itens personalizados com símbolos do grupo, utilizados inclusive durante ações criminosas. Essa estratégia dava visibilidade à facção e servia como propaganda para cooptação de novos integrantes.
Durante o cumprimento das cinco ordens de busca e apreensão expedidas pela Justiça Federal da 1ª Vara Criminal de Guaíra, foram recolhidos diversos materiais relacionados à atuação criminosa. Na casa do líder do grupo, em Umuarama, os agentes encontraram uma arma de fogo de uso restrito, o que levou à prisão em flagrante pelos crimes de posse ilegal de arma, desobediência e obstrução da justiça.
Outro ponto crucial da operação foi o bloqueio judicial da conta utilizada pelo grupo nas redes sociais, medida adotada para interromper a comunicação da facção e reduzir seu alcance de influência digital. Segundo a PF, a página representava uma das principais engrenagens do esquema, tanto para divulgação quanto para articulação das ações ilícitas.
As autoridades destacam que a região de fronteira permanece como área sensível à atuação de organizações criminosas transnacionais. A Polícia Federal reforçou o compromisso de seguir atuando em cooperação com outros órgãos de segurança pública, combatendo facções que utilizam novos meios, como a internet, para expandir sua influência.
A corporação lembra ainda que denúncias anônimas podem ser feitas pelos canais oficiais da PF, sendo consideradas fundamentais para o avanço das investigações.
Com a Operação Revanche, a PF busca enfraquecer a estrutura criminosa que se consolidava por meio das redes sociais, reforçando que nenhuma forma de apologia ou romantização do crime será tolerada.