O Ministério Público do Paraná (MPPR), por meio dos Núcleos Regionais de Umuarama e Maringá do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), deflagrou hoje (terça-feira, 23) uma nova etapa da Operação Transparência, que resultou na prisão preventiva de um major da Polícia Militar acusado de utilizar o cargo para exigir propinas. Além da prisão, foram determinadas medidas de bloqueio de contas bancárias, veículos e imóveis que somam mais de R$ 344 mil.
A ação é um desdobramento da Operação Zero Um, iniciada em 2024, e aprofunda as apurações sobre crimes cometidos por oficiais e soldados da corporação. O major, que chegou a ser preso no início das investigações e posteriormente colocado em prisão domiciliar, foi novamente detido após o avanço das provas. Ele já responde a denúncia formal do MPPR pela prática de corrupção.
De acordo com as investigações, quando comandava a 3ª Companhia Independente da PM em Loanda, o oficial teria adotado uma rotina de exigência de vantagens ilícitas de empresários que prestavam serviços à unidade. Os relatos e provas coletadas indicam que a prática era sistemática, envolvendo não apenas cobranças diretas, mas também exigências disfarçadas sob pretextos institucionais.
Um dos exemplos citados pelo Gaeco ocorreu durante a organização do 3º Torneio de Pesca da Companhia. A empresa responsável pela confecção das camisetas do evento teria sido obrigada a repassar parte do valor arrecadado com as vendas para a conta pessoal do major, sob a justificativa de que o dinheiro seria destinado a melhorias nas instalações da corporação. Em outras situações, a propina era vinculada à assinatura de contratos de serviços, transformando obrigações institucionais em fonte de enriquecimento ilícito.
A denúncia, apresentada em 10 de setembro e recebida pela Justiça no último dia 15, lista ao menos dez episódios concretos de cobrança de propina. Segundo o MPPR, os elementos reunidos demonstram que o major não agiu de forma isolada, mas estabeleceu um sistema de favorecimento pessoal à custa da função pública.
Com a nova prisão e o bloqueio patrimonial, o Gaeco reforça que o objetivo é não apenas punir os responsáveis, mas também impedir a continuidade das práticas ilícitas e garantir a reparação mínima dos danos causados. O caso deve seguir agora para julgamento na esfera criminal e pode abrir caminho para novas responsabilizações dentro da corporação.