Policial Mistério em Icaraíma
Laudo do IML revela tortura e silêncio sobre data da morte de cobradores assassinados
Certidões apontam espancamento, tiros e falta de registro do momento da morte, mesmo após 44 dias de sepultamento clandestino
24/09/2025 17h29
Por: Alex Miranda
Arquivo - Tribuna Hoje News

As certidões de óbito de Diego Henrique Affonso, Rafael Juliano Marascalchi e Robishlei Hirnani de Oliveira — encontrados mortos junto a Alencar Gonçalves de Souza em Icaraíma — revelam detalhes que reforçam a suspeita de tortura antes da execução. De acordo com o Instituto Médico Legal (IML) de Umuarama, os três homens sofreram traumatismo cranioencefálico, politraumatismo e ferimentos causados por disparos de arma de fogo.

Um ponto chama atenção nos documentos: a data e o horário da morte foram registrados como “ignorados”. O fato levanta questionamentos, já que os corpos foram exumados 44 dias após terem sido enterrados clandestinamente e ainda estavam preservados, o que sugere que as vítimas podem não ter sido mortas no mesmo período divulgado inicialmente. Segundo a advogada Josiane Monteiro, a carteira de identidade de Rafael chegou a ser localizada pelos legistas dentro da meia da vítima, um detalhe que reforça a complexidade do caso.

Até então, a principal linha investigativa apontava que o grupo havia sido vítima de emboscada em agosto, ao ir cobrar uma dívida de R$ 255 mil em uma propriedade rural no distrito de Vila Rica do Ivaí. A suspeita inicial era de que todos haviam sido executados no local, atingidos apenas por disparos de arma de fogo. Contudo, o laudo mostra sinais de espancamento e violência anterior à execução.

O delegado-chefe da 7ª Subdivisão Policial (SDP) de Umuarama, Gabriel Menezes, afirmou que detalhes dessa linha investigativa não serão divulgados para preservar o sigilo das apurações. Enquanto isso, os suspeitos Antônio Buscariollo e Paulo Henrique Buscariollo permanecem foragidos, com mandados de prisão temporária expedidos pela Justiça. Outros integrantes da família também estão desaparecidos, incluindo um irmão conhecido como “Mamute” e suas esposas, após indícios de envolvimento no desaparecimento e assassinato dos quatro cobradores.

As autoridades reforçam que a investigação segue em andamento e não descartam a participação de outras pessoas. O caso já mobilizou alertas de segurança a estados vizinhos e até países de fronteira, devido à possibilidade de fuga internacional dos suspeitos.