A Polícia Civil de Umuarama ouviu ontem (quinta-feira, 2), a esposa de Paulo Ricardo Buscariollo, de 22 anos, suspeito de envolvimento na chacina que vitimou quatro homens em Icaraíma. Grávida de oito meses, a jovem precisou de atendimento médico emergencial no Hospital Norospar, na última quarta-feira (1º), após passar mal em meio à repercussão do caso que envolve sua família.
De acordo com o delegado Gabriel Menezes, chefe da 7ª Subdivisão Policial (SDP) de Umuarama, a gestante foi ouvida como declarante, ou seja, não figura como investigada.
“Ela é declarante. Não é investigada. No momento, não há indícios de que tenha qualquer participação nos homicídios”, destacou o delegado, lembrando que o conteúdo dos depoimentos permanece em sigilo para não comprometer as investigações.
A mulher deu entrada na maternidade do Hospital Norospar na manhã da quarta-feira e recebeu alta por volta das 17h30. Fontes ligadas ao caso informaram que o mal-estar foi provocado pelo nervosismo diante da situação envolvendo o marido e o sogro, Antônio Buscariollo, de 62 anos, também foragido. O atendimento médico foi acompanhado pela mãe da paciente e conduzido de maneira discreta para preservar a gestante, que se encontra na fase final da gravidez. O hospital não divulgou boletim clínico detalhado.
O caso que chocou a região ocorreu em agosto deste ano. De acordo com as investigações, Paulo Ricardo e Antônio Buscariollo (filho e pai respectivamente) são apontados como os principais suspeitos do assassinato de quatro homens: os paulistas Diego Henrique Afonso, de 39 anos; Rafael Juliano Marascalchi, de 43; Robishley Hirnani de Oliveira, de 53; além de Alencar Gonçalves de Souza, de 36 anos, morador de Icaraíma.
Segundo a apuração, Alencar teria contratado os três paulistas para realizar a cobrança de uma dívida contraída pela família Buscariollo. A negociação, no entanto, terminou em tragédia. Os corpos foram encontrados com marcas de tiros e sinais de violência, levantando a suspeita de execução motivada por desavenças financeiras.
A Justiça expediu, no dia 8 de agosto, mandados de prisão preventiva contra Paulo Ricardo e Antônio Buscariollo. Desde então, pai e filho permanecem foragidos. A Polícia Civil do Paraná trabalha em conjunto com outras forças de segurança para localizá-los.
O delegado Gabriel Menezes reforça que as diligências continuam em várias cidades da região Noroeste e em outros estados, já que há indícios de que os suspeitos possam ter deixado o Paraná. “É uma investigação complexa, que exige integração entre diversas unidades policiais. Nosso compromisso é dar uma resposta rápida às famílias das vítimas e à sociedade”, disse.
A chacina em Icaraíma causou forte comoção na comunidade local, marcada pelo clima de medo e insegurança. O caso ganhou repercussão estadual e passou a ser acompanhado de perto pelas autoridades de segurança pública, que consideram a prisão dos suspeitos uma prioridade. Enquanto isso, familiares das vítimas cobram justiça e rapidez no processo judicial. As certidões de óbito apontaram múltiplos disparos de arma de fogo e sinais de politraumatismo, o que reforça a hipótese de que os homens tenham sido torturados antes da execução.
Até o momento, a defesa da família Buscariollo não se pronunciou oficialmente sobre o caso. Os depoimentos de testemunhas e pessoas próximas, como o da esposa de Paulo Ricardo, têm auxiliado a Polícia Civil a traçar a dinâmica dos fatos que antecederam os assassinatos. O inquérito segue sob responsabilidade da 7ª Subdivisão Policial de Umuarama, com apoio técnico da Polícia Científica. A expectativa é de que novas diligências ocorram nos próximos dias para aprofundar a linha de investigação que envolve as dívidas e os conflitos da família Buscariollo com terceiros.