Segurança Crime Cibernético
PF deflagra operação nacional contra crimes sexuais infantis com ações em todos os estados
Proteção Integral III mira criminosos que produzem, armazenam e compartilham material; no Paraná, houve prisão em Foz do Iguaçu e busca em Guaíra
08/10/2025 14h30
Por: Alex Miranda
Divulgação

A Polícia Federal (PF) deflagrou hoje (quarta-feira, 8) a Operação Nacional Proteção Integral III, em ação conjunta com Polícias Civis de 13 estados brasileiros, com o objetivo de combater crimes de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, especialmente aqueles cometidos pela internet. A ofensiva nacional busca identificar e prender indivíduos envolvidos na produção, armazenamento, venda e compartilhamento de material de abuso sexual infantojuvenil, reforçando o compromisso das forças de segurança com a proteção integral da infância e da adolescência.

Coordenada pela Coordenação de Repressão aos Crimes Cibernéticos Relacionados ao Abuso Sexual Infantojuvenil (CCASI/CGCIBER/DCIBER/PF), a operação envolveu simultaneamente ações em todas as unidades da federação. Foram cumpridos dezenas de mandados de busca e apreensão e realizadas prisões em flagrante em várias regiões do país. Participaram da ação centenas de policiais federais e civis dos estados de Alagoas, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.

No Paraná, duas ocorrências chamaram atenção: em Guaíra, os agentes cumpriram um mandado de busca e apreensão em um endereço investigado por suspeita de armazenamento e compartilhamento de imagens ilícitas; já em Foz do Iguaçu, um homem foi preso em flagrante durante a ação, após a localização de material de abuso sexual infantil em dispositivos eletrônicos.

De acordo com a Polícia Federal, a operação busca fortalecer a integração entre as forças de segurança federais e estaduais, ampliando a capacidade de resposta no combate a crimes cibernéticos que violam a dignidade sexual de menores. Além de identificar abusadores, a operação também visa resgatar vítimas e interromper redes de exploração que atuam de forma organizada na internet. Durante as diligências em todo o país, foram identificadas e resgatadas diversas vítimas de abuso sexual infantil.

O nome “Proteção Integral III” faz referência ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que estabelece a proteção integral como princípio fundamental, assegurando às crianças e adolescentes todos os direitos inerentes à pessoa humana. A Constituição Federal, em seu artigo 227, também determina que é dever da família, da sociedade e do Estado garantir com absoluta prioridade o direito à vida, à dignidade, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

A operação dá sequência às fases anteriores — Proteção Integral I e II, deflagradas em março e maio de 2025, respectivamente — e reforça o caráter contínuo das ações da PF na defesa dos direitos das crianças e adolescentes. Apenas entre janeiro e setembro de 2025, a corporação cumpriu mais de 1.600 mandados de prisão contra foragidos condenados por crimes sexuais, o que evidencia o empenho permanente das equipes em combater esse tipo de delito.

A Polícia Federal também fez um apelo pela mudança de terminologia na abordagem do tema. Embora a legislação ainda utilize o termo “pornografia infantil” (art. 241-E do ECA), a instituição defende que se adote a expressão “abuso sexual infantojuvenil”, por refletir de forma mais precisa a violência e o sofrimento infligidos às vítimas.

Além da repressão, a PF reforçou a importância da prevenção e da conscientização familiar. O órgão orienta pais e responsáveis a acompanhar as atividades digitais de crianças e adolescentes, mantendo diálogo aberto sobre segurança online e os riscos do contato com desconhecidos. Mudanças de comportamento — como isolamento repentino, segredo em relação ao uso de celulares e computadores ou reações de medo ao ser questionado — podem indicar que a criança está em situação de vulnerabilidade.

“A informação é uma ferramenta poderosa de proteção. Conversar sobre os perigos do ambiente virtual e criar um vínculo de confiança são atitudes que podem salvar vidas”, alerta a PF em nota.

A Operação Nacional Proteção Integral III reafirma o comprometimento das forças policiais brasileiras em garantir que o ambiente digital não se torne um espaço de impunidade. Com a integração entre as esferas federal e estadual, a expectativa é fortalecer ainda mais a rede de enfrentamento aos crimes de abuso sexual de crianças e adolescentes, assegurando que os responsáveis sejam identificados, processados e punidos conforme a lei.