Entre fevereiro e setembro de 2025, a Câmara Municipal de Umuarama desembolsou R$ 105.073,94 em diárias destinadas a custear deslocamentos, hospedagens e alimentação de vereadores e assessores durante viagens oficiais. Os valores, que chamam atenção pelo montante, foram justificados pela necessidade de participação em cursos de capacitação, congressos e agendas políticas em diferentes cidades do país.
Segundo informações obtidas pela reportagem, cada viagem precisa ser autorizada por meio de requerimento formal, no qual o parlamentar deve indicar datas, destino e finalidade. A liberação ocorre após análise interna. Apenas assessores de gabinete podem acompanhar os vereadores — demais servidores comissionados não possuem mais autorização para participar desses deslocamentos.
A Câmara informou que os gabinetes recebem cronogramas periódicos de cursos e capacitações promovidos por empresas credenciadas, o que explica a frequência de viagens a destinos como Curitiba, Brasília, Foz do Iguaçu e Cuiabá.
De acordo com o levantamento, os vereadores somaram R$ 68.727,41 em diárias. O maior valor foi do vereador Clebao dos Pneus (R$ 20.917,17), que participou de congressos e reuniões sobre inovação, agronegócio e políticas urbanas. Em seguida aparece Cris das Frutas (R$ 13.059,40), que alegou agendas em secretarias estaduais e cursos de fiscalização e liderança em Brasília.
Outros vereadores também registraram despesas: Ednei do Esporte (R$ 10.735,27), Ronaldo Cruz (R$ 8.521,37), Lucas Grau (R$ 4.648,26), Newton Soares (R$ 3.873,55), Jaba da Carroceria (R$ 3.873,55) e Luiz Caviquioli (R$ 3.098,84).
Os assessores de gabinete também integraram o levantamento, com gastos totais de R$ 36.346,53. O assessor Fábio Barzon aparece na liderança com R$ 19.644,33, seguido por Alberto de Salve Spina (R$ 10.049,84) e Aguinaldo Torres (R$ 6.652,36). Eles participaram de cursos sobre governo digital, administração pública e fiscalização de recursos.
Os números levantados ganham contornos polêmicos diante do cenário de dificuldades enfrentado por setores essenciais da cidade. Em algumas unidades básicas de saúde, há relatos de falta de medicamentos e até de itens básicos, como papel higiênico — um contraste que reforça o debate sobre prioridades na aplicação dos recursos públicos.
Em nota, o Poder Legislativo Municipal, através da assessoria respondeu que “Os vereadores que realizam viagens oficiais precisam apresentar requerimento prévio, informando local, datas e objetivos. Apenas assessores de gabinete estão autorizados a acompanhá-los, conforme regulamentação interna. Os gabinetes recebem periodicamente cronogramas de cursos de capacitação e eventos voltados à qualificação legislativa, ofertados por empresas credenciadas”.
Apesar da justificativa, os gastos despertam questionamentos sobre a relação entre capacitação política e responsabilidade fiscal. Especialistas em administração pública defendem que o aprendizado é necessário, mas precisa ser equilibrado com as necessidades mais urgentes da população.