Cotidiano Justiça
Começa hoje o julgamento de líder espiritual acusado de crimes sexuais contra dezenas de vítimas no Paraná
Réu de 63 anos é apontado pelo Ministério Público por usar posição de “guru” para cometer abusos durante quase duas décadas em Quatro Barras e Curitiba.
22/10/2025 11h00
Por: Alex Miranda
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Começa hoje (quarta-feira, 22) o julgamento de um homem de 63 anos denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MPPR) por uma série de crimes sexuais cometidos contra dezenas de vítimas ao longo de quase 20 anos. O acusado, que se apresentava como “guru” e “líder espiritual”, é apontado como autor de estupros, violações sexuais mediante fraude, violência psicológica e até tortura. As audiências de instrução e julgamento acontecem na Vara Criminal de Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba, e estão marcadas para os dias 22, 23, 24 e 31 de outubro, das 9h às 19h.

De acordo com as investigações conduzidas pelo Núcleo de Apoio à Vítima de Estupro (Naves) do MPPR, o réu se aproveitava da confiança e da vulnerabilidade emocional de suas seguidoras para praticar os abusos. Ele criava uma relação de “mestre e discípulo” com as vítimas — muitas delas em busca de orientação espiritual ou psicológica — e usava essa influência para manipular e submeter as mulheres a atos sexuais.

Os crimes teriam ocorrido entre 2005 e 2024, em locais controlados pelo acusado: uma chácara em Quatro Barras, onde funcionava a sede de sua suposta ordem filosófica, e uma clínica em Curitiba, onde ele atuava como psicanalista e mestre de artes marciais, oferecendo cursos e palestras.

Entre os delitos apurados, o homem responde por estupro de vulnerável — em casos que envolvem vítimas menores de 14 anos à época dos fatos —, violação sexual mediante fraude, violência psicológica contra a mulher e tortura. Segundo a denúncia, os crimes foram cometidos em concurso material e de forma continuada, indicando um padrão de abusos sistemáticos ao longo dos anos.

Devido ao grande número de pessoas envolvidas — mais de 40 entre vítimas e testemunhas —, o juízo distribuiu os depoimentos ao longo de quatro dias. O interrogatório do acusado está previsto para o último dia de audiência. O julgamento conta com a atuação conjunta da promotora de Justiça responsável pela coordenação do Naves e do promotor titular da comarca de Quatro Barras.

O processo tramita sob sigilo judicial, em respeito à privacidade das vítimas e à natureza dos crimes investigados.