Umuarama Estatuto do Crime
Gaeco deflagra megaoperações simultâneas na região de Umuarama e Maringá contra líderes do PCC
Ações realizadas em presídios cumprem 69 mandados e desarticulam núcleos de organização criminosa que criou um estatuto da facção
22/10/2025 14h45 Atualizada há 5 horas
Por: Alex Miranda
Divulgação

Os núcleos regionais de Maringá e Umuarama do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná (MPPR), deflagraram na manhã de hoje (22) duas operações simultâneas – batizadas de Mosaico e Trama de Ferro – com o objetivo de desarticular lideranças de uma facção criminosa com atuação no Paraná e em outros estados do país.

A ação mobilizou dezenas de agentes públicos e resultou no cumprimento de 69 mandados judiciais, entre 35 prisões preventivas, seis temporárias, 27 buscas e apreensões, além de uma prisão em flagrante e ordens de sequestro de valores que somam milhões de reais.

As operações, conduzidas de forma coordenada pelos núcleos regionais do Gaeco de Maringá e Umuarama, tiveram como alvos principais pessoas suspeitas de ocupar posições de comando dentro de uma organização criminosa com forte atuação no tráfico de drogas e em outros delitos. As ações contaram com o apoio das polícias Militar e Penal, que auxiliaram no cumprimento das ordens judiciais expedidas pelas varas criminais de Cruzeiro do Oeste e Paranavaí.

Mosaico

Na região Noroeste, a Operação Mosaico teve como foco a cidade de Cruzeiro do Oeste, onde as investigações revelaram a existência de uma estrutura criminosa composta por 35 pessoas ligadas a uma facção com atuação dentro do sistema prisional. As apurações tiveram início após a Polícia Penal apreender anotações manuscritas na Penitenciária Estadual de Cruzeiro do Oeste, apontando nomes e funções de indivíduos que exerciam papel de liderança na facção.

Com base nas provas reunidas, a Vara Criminal de Cruzeiro do Oeste deferiu mandados de 35 prisões preventivas e três buscas e apreensões, cumpridos em Cruzeiro do Oeste, Guaíra, Maringá e Piraquara. Segundo o Gaeco, os suspeitos coordenavam ordens criminosas de dentro do presídio, incluindo o repasse de recursos ilícitos e o controle do tráfico de drogas em diferentes municípios da região.

Trama de Ferro

Simultaneamente, o núcleo do Gaeco de Maringá deflagrou a Operação Trama de Ferro, que teve como alvo a estrutura financeira e logística da mesma facção criminosa. Foram cumpridos sete mandados de prisão temporária, 24 mandados de busca e apreensão e ordens de sequestro de bens e valores estimados em R$ 3,5 milhões, em endereços ligados a 27 investigados.

As ações ocorreram nas cidades de Paranavaí, Iporã, Guaíra e Sarandi, com apoio da Polícia Militar e da Polícia Penal. As investigações começaram em janeiro de 2025, a partir de uma denúncia sobre o possível envolvimento de um agente público com membros da facção criminosa que atuavam dentro de uma unidade prisional. Com o avanço das apurações, o Gaeco identificou uma complexa rede de comunicação e comando, que permitia aos líderes — mesmo presos — coordenar atividades criminosas em conjunto com cúmplices em liberdade.

Ação integrada

O Gaeco, grupo especializado do Ministério Público do Paraná, é composto por membros e servidores do MPPR, além de policiais civis, militares, penais e peritos da Polícia Científica, atuando sob coordenação direta do MP. Sua principal missão é investigar e combater o crime organizado, corrupção e delitos praticados por agentes públicos.

Atualmente, o Gaeco conta com dez núcleos regionais, distribuídos em Curitiba, Cascavel, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, Guarapuava, Londrina, Maringá, Paranaguá, Ponta Grossa e Umuarama, o que permite uma atuação integrada em todo o estado.

De acordo com o MPPR, as operações Mosaico e Trama de Ferro representam um avanço significativo na repressão ao crime organizado no Paraná. “Essas ações demonstram a eficiência do trabalho conjunto entre instituições e a capacidade do Gaeco de atingir as estruturas de comando das facções criminosas, tanto dentro quanto fora dos presídios”, destacou o órgão em nota.

Além das prisões, o Gaeco determinou o bloqueio judicial de contas bancárias, apreensão de veículos de luxo, celulares e documentos financeiros. O material recolhido será analisado para identificar fluxos de lavagem de dinheiro e conexões com outros estados.

O Ministério Público do Paraná reforçou que novas fases das operações não estão descartadas, já que as investigações seguem em andamento para identificar todos os envolvidos e esclarecer o alcance das atividades ilícitas da facção.