Segurança Guerra do tráfico
Autor de homicídio que iniciou guerra de facções em Mariluz é condenado a 26 anos
Filho de chefe do tráfico foi executado com 35 tiros; crime desencadeou uma série de assassinatos motivados pela disputa de território entre grupos rivais
11/07/2025 15h17 Atualizada há 5 horas
Por: Alex Miranda
Arquivo - Tribuna Hoje News

O Tribunal do Júri de Cruzeiro do Oeste condenou a 26 anos de prisão, em regime fechado, um homem acusado de assassinar um rival em uma disputa entre facções criminosas em Mariluz, a cerca de 30 km de Umuarama. O crime ocorreu em 9 de março de 2023, em plena luz do dia, no centro da cidade, e foi cometido com extrema violência: a vítima foi atingida por 35 tiros.

A vítima era Matheus Ribeiro da Silva, de 22 anos, filho de Reginaldo Ned, chefe da conhecida “Gangue dos Ned”. Segundo o Ministério Público do Paraná (MPPR), o réu agiu com um cúmplice ainda não identificado e surpreendeu Matheus com disparos pelas costas. O homicídio marcou o início de uma sequência de mortes relacionadas ao tráfico de drogas.

Durante o julgamento, o Conselho de Sentença acolheu as teses do MPPR, que apontou motivo torpe — a disputa pelo comando do tráfico — e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. Além da pena de reclusão, o réu foi condenado a pagar R$ 80 mil de indenização à família de Matheus. Preso desde o início das investigações, ele permanecerá detido sem direito de recorrer em liberdade.

Facção familiar e série de crimes

Com a morte de Matheus, Reginaldo Ned passou a ordenar ataques a membros da facção rival, transformando Mariluz em palco de uma guerra entre grupos do tráfico. A organização criminosa funcionava como uma estrutura familiar: irmãos, filhos, sobrinhos e esposas participavam de diversas funções, como tráfico, ocultação de bens e execuções.

A Polícia identificou diversos envolvidos em atentados e homicídios em Mariluz e cidades da microrregião. Os integrantes do grupo utilizavam imóveis adquiridos por “laranjas” para esconderijos, depósitos de armas e drogas, além de pontos de venda.

Operação Ultimato

Para conter os crimes, a Polícia Civil e a Militar deflagraram em 28 de abril de 2023 a Operação Ultimato, que cumpriu mandados em Mariluz e outros três municípios. Foram presos sete suspeitos, incluindo Reginaldo Ned. Também foram apreendidos carros, armas, munições e celulares que seguem sendo analisados.

Segundo a delegada Karoline Bischoff, responsável pelo caso, o líder do grupo não executava diretamente, mas era o mandante dos assassinatos. “Ele determinava quem deveria morrer, acreditando que essas pessoas tinham ligação com a morte do filho”, afirmou. As investigações continuam para manter os envolvidos presos e esclarecer outros crimes.