O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) deu início, no último sábado (12), a um extenso roteiro pelo interior do Paraná, com visitas programadas a 32 municípios até o fim do recesso parlamentar, no dia 31 de julho. Hoje (18), passou por Umuarama em uma palestra na Coordenadoria das Associações Comerciais e Industriais de Entre Rios (Cacier), recebendo autoridades e representantes de vários setores políticos e econômicos do município.
Acompanhado da esposa, a deputada federal Rosangela Moro (União Brasil-SP), o ex-juiz da Lava Jato está iniciou seu pronunciamento dizendo que segue prestando contas aos paranaenses e nada citou sobre uma eventual futura disputa pelo Governo do Estado do Paraná. “Estou honrado com o resultado das pesquisas, mas ainda não me defini”.
Interlocutores citaram à reportagem que ainda há um longo caminho a ser percorrido dependendo da intenção futura – mas nem tanto, pois acredita-se que tal decisão de Moro possa vir a ser tomada até o final deste ano – e das negociações da federação União Brasil/PP, que é onde Moro está.
O senador qualificou o atual governo como o pior de todos os tempos, lembrando da atual decisão que envolveu uma verdadeira guerra entre congresso, executivo Nacional e Judiciário, citando até que após o recesso, possa haver algum tipo de retaliação ao governo do lado dos parlamentares.
Comentou sobre a dificuldade que o atual governo tem em lidar com crises internacionais, principalmente a mais recente que envolve o tarifaço de Trump. “É claro que o aumento da tarifa prejudica exponencialmente diversos setores de nossa economia, cito aqui o aço, a Embraer”. “Depois de todas as declarações de Lula, sugerindo que Trump quer ser imperador do mundo, de que ele deveria estar preso por conta da invasão no Capitólio americano, ele quebra todas as pontas de ligação entre os dois países. Não é hora de brincar com o Brasil. A impressão que fica e que Lula quer usar eleitoralmente o episódio em detrimento da economia brasileira”.
Quanto à busca e apreensão na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro, Moro acredita que tal ação não poderia ter sido desenvolvida no momento mais inoportuno. “Mostra que é uma retaliação política”, disse.
Apesar das críticas ao governo atual, o senador se conteve em ouvir as demandas pontuais apresentadas pela sociedade em Umuarama e deixou sempre claro em suas falas que a iniciativa é parte do compromisso assumido durante a campanha eleitoral de 2022, quando prometeu que seu mandato não ficaria restrito aos gabinetes de Brasília. “Sempre disse que não seria um senador ausente. Estou aproveitando o recesso para visitar as cidades, conversar com as pessoas e prestar contas do meu mandato. Fiz isso nos finais de semana ao longo do ano, mas agora temos mais tempo para ampliar o alcance dessas visitas”.
Sobre o andamento das ações judiciais da Lava Jato, Moro citou a mais recente decisão do ministro Dias Toffoli. “Mais uma anulação da Lava Jato. O Brasil vive uma completa inversão de valores morais. O Youssef confessou seus crimes, lavava dinheiro da Odebrecht e entregava a políticos. Agora posa de vítima e é premiado por uma Justiça que não conseguimos compreender. A impunidade voltou”, disse o senador.
Moro também aproveitou para fazer um paralelo entre o cenário atual e as recentes denúncias de fraudes contra aposentados e pensionistas do INSS. Para ele, o desmonte da operação Lava Jato estimulou o retorno da corrupção em diversas esferas do governo. “Tenho certeza de que, se a Lava Jato ainda estivesse ativa, não teriam coragem de roubar aposentados. Alguém foi preso por isso? Alguém será?”, questionou.
Apesar das críticas ao Judiciário, Moro tem buscado manter o foco principal da viagem no contato com a população e na apresentação de suas ações no Senado. Entre os temas mais citados em suas falas estão o combate à corrupção, a segurança pública, o desenvolvimento regional e a defesa de políticas mais eficientes para os municípios.
A agenda do senador segue até o fim do mês e deve contemplar outras 23 cidades paranaenses. “Esse trabalho de estar presente nas cidades e conversar diretamente com a população é fundamental. Quero ser um senador que representa o Paraná de verdade, não só nos discursos”, completou Moro.