O Governo do Paraná intensificou as ações de monitoramento e prevenção após a confirmação de mais um caso de intoxicação por metanol no Estado. A informação foi divulgada ontem (segunda-feira, 13) pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), que relatou o diagnóstico em uma mulher de 41 anos, moradora de Curitiba, atualmente internada em estado grave, porém estável. Ela recebeu indicação para o tratamento com Fomepizol, antídoto utilizado em casos de intoxicação por álcool industrial, já disponibilizado ao hospital onde está internada.
A Sesa também investiga um caso suspeito em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba – um homem de 41 anos segue hospitalizado. Outros dois casos na capital, envolvendo homens de 20 e 55 anos, foram descartados após exames laboratoriais. Até o momento, o Paraná contabiliza 16 notificações, sendo quatro casos confirmados, onze descartados e um em investigação. Dos pacientes confirmados, três já receberam alta e um homem de 60 anos permanece internado, com quadro considerado estável.
O secretário estadual da Saúde em exercício, César Neves, destacou que o Estado mantém vigilância constante e estrutura pronta para o atendimento. “Infelizmente tivemos mais uma confirmação de intoxicação por metanol no Paraná. A paciente está recebendo o tratamento necessário, e seguimos atentos, com todos os insumos e protocolos disponíveis para enfrentar essa situação”, afirmou.
Paralelamente, o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), laboratório público do Governo do Estado, tem sido um dos principais aliados na detecção da substância em bebidas suspeitas. Nas últimas semanas, o instituto registrou mais solicitações de análise de metanol do que nos últimos cinco anos somados. De 2020 a 2025, apenas cinco pedidos haviam sido feitos, todos ligados a processos de registro de bebidas junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Agora, oito amostras de bebidas, entre whisky e vodka, foram encaminhadas por estabelecimentos particulares para análise.
Diante da repercussão nacional dos casos de bebidas falsificadas ou adulteradas, o diretor-presidente do Tecpar, Eduardo Marafon, afirmou que o instituto está preparado para apoiar tanto o poder público quanto o setor produtivo. “O Tecpar realiza análises laboratoriais há décadas e é referência nacional. A intoxicação por metanol é uma emergência médica grave, e por isso nossa estrutura está à disposição para dar suporte à indústria de bebidas, ao comércio e às autoridades sanitárias”, destacou.
O Tecpar conta com infraestrutura moderna e equipe técnica especializada para identificar a presença e a concentração exata de metanol em bebidas. O processo é feito por meio de Cromatografia a Gás, método reconhecido pelo Mapa, capaz de separar e identificar as substâncias químicas presentes em uma amostra. Antes da análise, a bebida passa por destilação laboratorial, que remove interferentes como açúcares e pigmentos, garantindo maior precisão nos resultados. Segundo Alessandra Bispo, gerente do Centro de Tecnologia em Saúde e Meio Ambiente do Tecpar, a metodologia oferece alto grau de confiabilidade. “Com a Cromatografia a Gás, conseguimos detectar até traços de metanol, mesmo em bebidas de alto teor alcoólico. Isso garante resultados exatos e seguros para o consumidor e para os órgãos de fiscalização”, explica.
No Brasil, a detecção de metanol em bebidas é regulada pelo Decreto 6.871/2009 e pelo Manual de Métodos Oficiais do Ministério da Agricultura e Pecuária, que estabelece critérios técnicos para controle e fiscalização. O Governo do Paraná reforça que o consumo de bebidas de origem duvidosa representa risco real à saúde e orienta a população a comprar somente produtos com registro no Mapa e selo de controle. A rápida atuação da Sesa e do Tecpar mostra que o Estado está preparado para reagir de forma técnica e coordenada a qualquer nova ocorrência, protegendo a população e fortalecendo a segurança sanitária no Paraná.
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