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PC e Força Nacional descobrem estrutura do crime organizado em área rural de Icaraíma

Mais de 20 estruturas deste tipo e outras bem parecidas, foram descobertas pelos agentes de segurança pública

21/10/2025 às 09h30
Por: Alex Miranda
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Divulgação
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A Polícia Civil do Paraná, com apoio da Força Nacional de Segurança Pública, desvendou uma estrutura complexa de apoio ao crime organizado em Icaraíma (90 quilômetros de Umuarama). A descoberta ocorreu durante as investigações sobre o assassinato de quatro homens no Distrito de Vila Rica, em um caso que chocou a região e revelou indícios da presença de quadrilhas envolvidas com tráfico de drogas e contrabando internacional. Desde o início das diligências, equipes da Polícia Civil vêm realizando varreduras em diversas áreas rurais próximas ao local do crime. As ações resultaram na identificação de cinco bunkers de alvenaria, escondidos no interior de propriedades privadas, e de outros 17 esconderijos improvisados, construídos com lonas e camuflados pela vegetação nativa. Esses pontos eram usados, segundo as investigações, para armazenar drogas e mercadorias contrabandeadas – principalmente cigarros de origem paraguaia – que chegavam à região por meio dos rios que cortam a fronteira entre Brasil e Paraguai. O caso teve um novo desdobramento quando, em uma das propriedades investigadas, foram encontrados enterrados os corpos dos quatro homens desaparecidos, além do veículo em que estavam. As vítimas eram cobradores de dívidas, que haviam ido até a fazenda da família Buscariollo para uma negociação e desapareceram após o encontro. A fazenda fica na zona rural de Icaraíma, e o local onde os corpos foram localizados ficava próximo a um dos bunkers camuflados identificados pela polícia.

Segundo as apurações, os homens foram mortos e enterrados em covas clandestinas abertas nas imediações de uma das estruturas utilizadas para fins ilícitos. A crueldade do crime e o modo de ocultação dos corpos reforçaram a suspeita de que o assassinato foi motivado por interesses ligados à rede criminosa que opera na região.

Os principais suspeitos das mortes são pai e filho – membros da família Buscariollo – proprietários da fazenda onde os corpos foram encontrados. Ambos estão foragidos e têm mandados de prisão expedidos pela Justiça. A Polícia Civil realiza buscas para localizá-los e acredita que eles podem ter conexões com organizações criminosas que atuam na fronteira, utilizando propriedades rurais como entrepostos para o tráfico e o contrabando.

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As investigações apontam ainda que a estrutura identificada em Icaraíma não é isolada, mas parte de uma rede bem articulada, que utiliza rotas rurais de difícil acesso para movimentar cargas ilícitas. O entrosamento entre os pontos de armazenamento e a logística de transporte evidencia a atuação de grupos organizados, com divisão de tarefas e forte presença em áreas estratégicas do interior.

A Polícia Civil está ouvindo os proprietários das terras onde os esconderijos foram localizados, com o objetivo de apurar responsabilidades e possíveis vínculos com o esquema criminoso. A participação ou omissão dos donos das propriedades será analisada caso a caso, com base nas provas colhidas durante as diligências.

Por se tratar de uma investigação de grande complexidade, as informações sobre o andamento do caso seguem sob sigilo. No entanto, as autoridades confirmam que o assassinato dos quatro homens tem relação direta com a disputa por rotas e pontos de apoio utilizados para práticas ilegais.

Em nota oficial, a Polícia Civil do Paraná destacou que as investigações continuam com prioridade máxima. O órgão também reforçou o compromisso do Estado no enfrentamento ao crime organizado na região de fronteira, atuando de forma integrada com outras forças de segurança, como a Força Nacional e a Polícia Federal, para desmontar estruturas criminosas e responsabilizar os envolvidos.

A chacina em Icaraíma expôs uma realidade silenciosa que afeta diversas cidades paranaenses próximas à fronteira com o Paraguai: a infiltração de organizações criminosas em áreas rurais, muitas vezes com a conivência ou omissão de moradores locais, que permitem o uso de suas terras para esconder produtos ilícitos. O caso agora serve como alerta para o poder público e para as comunidades do interior, que precisam estar atentas aos sinais de movimentações criminosas em suas regiões.

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