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Pesquisa levanta perfil da população local em situação de rua em Umuarama

Pesquisa da UniAlfa traça perfil detalhado e oferece subsídios para aprimorar políticas públicas e garantir direitos fundamentais

03/11/2025 às 10h30
Por: Alex Miranda
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Assessoria/Secom
Assessoria/Secom

Umuarama é uma das poucas cidades do Paraná a contar com um levantamento técnico completo, com critérios científicos e cuidados éticos, sobre a realidade da população em situação de rua. A pesquisa, realizada por professores e alunos dos cursos de Psicologia e de Direito da UniAlfa Faculdade, foi entregue na última semana à secretária municipal de Assistência Social, Maria Luisa Bertoco, e ao Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Nacional para a População em Situação de Rua (Ciamp-Rua).

Elaborada sob a coordenação de Débora Mendes Baggio, Clodoaldo Porto Filho, Eloíse Carolina da Costa Scheer e Rosane Stédile Pombo Meyer, com dados de campo pesquisados por acadêmicos da UniAlfa, a pedido do Ciamp-Rua, a pesquisa representa uma ferramenta importante para promoção da justiça social e garantia de direitos para pessoas em situação de rua.

Ao quantificar e qualificar essa parcela marginalizada e invisível da sociedade, “o censo a torna visível ao poder público, reconhecendo-a como um grupo com necessidades específicas – primeiro passo para a inclusão dessas pessoas nas políticas públicas, assegurando acesso a direitos fundamentais como saúde, assistência social e moradia”, define a apresentação do trabalho.

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Os dados foram colhidos nos dias 2 e 3 de outubro de 2024 e análise aprofundada possibilitou um detalhado perfil socioeconômico, necessidades e vulnerabilidades, além de dados sobre idade, gênero, escolaridade, tempo de rua, motivação, condições de saúde e vínculos familiares.

“Agora temos um diagnóstico da realidade vivida por essas pessoas em Umuarama e o poder público pode ajustar, planejar e implementar ações mais eficientes, aproveitando melhor os recursos disponíveis e aprimorando os serviços oferecidos pelo município, além de estruturar novos atendimentos”, afirmou a secretária Maria Luisa Bertoco, agradecendo o importante trabalho da equipe.

NÚMEROS

Para o levantamento foram aplicados 115 questionários (dos quais 23 foram descartados) em um total de 225 pessoas em situação de rua na cidade, naquela época, a maioria na faixa dos 24 a 36 anos (35,9%) e dos 36 aos 50 anos (26,2%) - dados similares à média nacional.

Mais de 77% dos entrevistados se declararam pardos, negros ou pretos; o sexo masculino predominou (83,5%) e 90% se declararam heterossexuais. Cerca de 88% possuem documentos (RG e/ou CPF), 48% tem carteira de trabalho e 47% possuem título de eleitor.

Quanto à religião, 83,7% se declararam cristãos (evangélicos e católicos). Já em relação às origens, a imensa maioria é proveniente de outros Estados – foram citadas 57 cidades – e até do exterior (Venezuela), enquanto apenas três declararam nascimento em Umuarama, porém 33% afirmam ter passado a maior parte da vida na Capital da Amizade.

CAUSAS

Os motivos para terem deixado suas casas e cidades são variados – busca de trabalho (16,3%), de oportunidades (13,9%), desentendimentos (9,6%), uso de entorpecentes e álcool (8,4%), conhecer outros lugares (7,8%), tratamento de saúde (6%), insatisfação pessoal (4,8%) e separação/divórcio (3,6%) - resultados ponderados, 36,2% vieram para Umuarama em busca de melhores condições de vida.

A pesquisa apurou que cerca de 75% possuem animais de estimação, 66% se dizem solteiros, 60% possuem filhos – a maioria cuidados pelas mães ou avós – e 67,9% mantém algum contato com familiares. As entrevistas também levantaram dados sobre educação e trabalho, escolaridade, profissões, fontes de renda, benefícios (73,8% recebem Bolsa Família), tempo de rua (31,5% há menos de seis meses e 16,9% entre um e dois anos).

MUDANÇA DE VIDA

A consulta quantificou, ainda, o local onde vivem os entrevistados (abrigos, praças, ruas, rodoviária, calçadas, etc.), como obtêm alimentação/ refeições diárias, locais de banho, problemas de saúde, deficiência física ou intelectual, tratamentos/acompanhamento médico, dependência química, relatos de violência e institucionalização, entre outros detalhes.

“Importante destacar que 94,3% deles gostariam de sair da situação de rua, onde estão não por escolha, mas em decorrência de fatos da vida. Portanto, esses dados vão nos ajudar a melhorar a abordagem e promover mais condições para essa mudança de vida, que é o desejo da maioria”, completou a secretária Maria Luisa.

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