Na era digital, a informação é tratada como o “novo petróleo” — um ativo de enorme valor estratégico para governos, empresas e indivíduos. Entretanto, questões de privacidade, legislação e uso ético dos dados permanecem no centro dos debates sobre a transformação social e econômica viabilizada pela análise de grandes bases de informações. Em entrevista no programa Entrevista com D’Ávila, Ilson Bressan, CEO da Valid, reforça que os dados têm peso econômico significativo tanto para o setor público quanto para a iniciativa privada.
No Brasil, o arcabouço legal para a proteção de dados pessoais está ancorado na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), em vigor desde 2020, que estabelece diretrizes para coleta, tratamento e armazenamento de dados, prevendo sanções significativas em caso de descumprimento. Para Bressan, a transparência e o controle de consentimento são pilares fundamentais para garantir que as vantagens da transformação digital não ultrapassem os limites éticos e legais de privacidade dos cidadãos.
Nesse cenário, a inteligência artificial desperta também preocupações relativas ao uso indevido e à manipulação das informações em larga escala. Um estudo recente da consultoria Gartner estima que os gastos mundiais com IA vão crescer quase 10% em 2025. Por outro lado, de acordo com o Cost of a Data Breach Report 2023, da IBM Security, o custo médio global de um vazamento de dados chegou a 4,45 milhões de dólares; prejuízo, este, que não é apenas financeiro. Eventos desse tipo abalam a confiança do público em relação à marca e aos serviços digitais.
Essa dicotomia entre os avanços promissores da inteligência artificial e os riscos decorrentes dos vazamentos de dados evidencia a urgência de soluções integradas para proteger os usuários. Nesse sentido, outro ponto destacado por Bressan é a construção de um sistema unificado de identificação no Brasil, com base no CPF, que visa reduzir a burocracia, agilizar serviços governamentais e simplificar o acesso da população a benefícios sociais. A expectativa é que a CIN, nova Carteira de Identidade Nacional, traga eficiência ao dia a dia dos cidadãos e fortaleça a segurança das transações digitais e que ganhe ainda mais força, posteriormente, com a unificação de bases de dados dispersas e a adoção de mecanismos de proteção.
A proposta de interoperabilidade de dados na saúde ilustra como a integração de informações pode gerar benefícios sociais concretos. Segundo dados do Ministério da Saúde, mais de 70% da população brasileira depende exclusivamente do SUS. Bressan sugere que dados de pacientes sejam compartilhados entre hospitais públicos e privados para criar planos de saúde mais assertivos e reduzir custos. Casos como o da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) — que conecta laboratórios, hospitais e unidades de saúde — demonstram o potencial de uma base integrada, capaz de padronizar o acesso a informações médicas e proteger a privacidade do paciente, seguindo as diretrizes da LGPD.
Mais do que um ativo econômico, os dados são uma ferramenta poderosa de transformação social. Seja para alavancar políticas públicas ou nortear decisões empresariais, a análise de grandes volumes de informação possibilita estratégias mais eficientes e inclusivas. O uso de IA amplia ainda mais as perspectivas de inovação, mas exige uma legislação sólida e um debate público constante para assegurar que o uso desses recursos ocorra de forma ética e transparente. A experiência de países com sistemas de identificação digital avançados, como a Estônia ou a Índia (com o Aadhaar), mostra que a combinação de governança robusta e conscientização da população pode pavimentar o caminho para uma adoção confiável.
A entrevista com Ilson Bressan serve de alerta e inspiração: embora os dados tenham o potencial de impulsionar a economia e gerar melhorias sociais, é fundamental equilibrar os ganhos de eficiência com a garantia dos direitos individuais. Só assim será possível construir uma sociedade digital confiável, inclusiva e capaz de colher, de forma segura, os frutos dessa nova era baseada no poder da informação.
Para saber mais sobre as soluções da Valid que tornam o serviço público cada vez mais digital, basta acessar valid.com. Para conferir a entrevista na íntegra, acesse o vídeo.
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