No Brasil, o papel das mulheres no desenvolvimento de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) vai muito além do cuidado diário, ele representa uma rede de sustentação emocional, educacional e afetiva. Dados do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE-FGV) apontam que, em 2022, mais de 11 milhões de mulheres criavam seus filhos sozinhas. Esse cenário pode ser ainda mais desafiador quando se discute a maternidade atípica.
A ausência da figura paterna agrava o sobrecarregamento materno. Segundo dados divulgados pelo Instituto Baresi, em 2012, aproximadamente 78% dos pais abandonaram as mães de crianças com deficiência ou doenças raras antes dos filhos completarem cinco anos de idade. A principal justificativa é a dificuldade dos pais em lidar com o diagnóstico e a frustração em relação à ideia do “filho ideal”.
Essa jornada, geralmente solitária, acaba sendo compartilhada por outras mulheres do entorno: avós, irmãs, vizinhas e amigas formam uma rede informal de apoio que sustenta essas mães diante de tantos desafios.
A falta de apoio escolar intensifica a sobrecarga
Para Alessandra Freitas, pedagoga e especialista em aprendizagem e alfabetização de crianças com autismo, a ausência de políticas claras de inclusão escolar contribui significativamente para a sobrecarga dessas mães.
“Hoje, devido à falta de diretrizes efetivas para inclusão nas escolas, as mães enfrentam enormes dificuldades para encontrar instituições que realmente acolham seus filhos e ofereçam apoio à família como um todo”, afirma Alessandra.
Além do cuidado com a saúde e o desenvolvimento da criança, essas mulheres muitas vezes precisam adaptar rotinas, abandonar carreiras e se tornar verdadeiras especialistas na condição dos filhos para garantir que eles tenham acesso à educação e qualidade de vida.
O vínculo materno como força transformadora
As mulheres, especialmente as mães, costumam ser a principal referência afetiva e emocional para crianças com TEA. O vínculo materno, desde os primeiros anos, é um fator determinante no desenvolvimento emocional, social e cognitivo delas.
“A mãe é a pessoa-chave que dá segurança, apoio e busca estratégias para ajudar a criança a enfrentar os desafios do TEA. Ela atua desde o incentivo à comunicação até o fortalecimento da autoestima e da confiança. Esse vínculo é único e, muitas vezes, compreendido e compartilhado com outras mulheres que também se tornam parte da rede de apoio”, complementa.
Mães Autis: onde as mães nunca estão sozinhas
Com o objetivo de apoiar essas mulheres de forma prática e afetiva, Alessandra criou o projeto Mães Autis, um braço do Eduka Todos, rede de cursos e formações voltadas à educação inclusiva. O programa é baseado em seis pilares que oferecem apoio integral às mães de crianças com TEA: apoio socioemocional, cuidados pessoais, atividades de lazer, recursos educacionais, desenvolvimento profissional e comunidade de acolhimento.
“Sei que, muitas vezes, na tentativa de darmos o nosso melhor aos filhos, acabamos nos esquecendo no processo. O Mães Autis foi criado para mostrar que é possível cuidar de si enquanto se cuida do outro, e para oferecer um espaço onde essas mães possam aprender, relaxar e se sentir amparadas”, destaca a pedagoga.
Em um cenário onde tantas mães enfrentam a maternidade atípica em silêncio, iniciativas como o Mães Autis surgem como espaços de acolhimento e transformação. Ao fortalecer mulheres, é dado às crianças com autismo mais chances de crescer em ambientes mais preparados e afetuosos, onde inclusão não é prática.
Sobre o Mundo Autis
O Mães Autis é uma formação on-line criada especialmente para acolher e orientar mulheres que convivem com crianças e adolescentes com TEA. A plataforma oferece conteúdos acessíveis, atividades práticas, rede de apoio entre mães e acompanhamento pedagógico com a especialista Alessandra Freitas.
Para conhecer os cursos e participar da comunidade, basta acessar o site: www.mundoautis.com.br ou entrar em contato pelo WhatsApp: (16) 99193-6113.
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