A Polícia Civil do Paraná (PCPR), por meio da 7ª Subdivisão Policial de Umuarama, deflagrou na manhã de hoje (terça-feira, 9) uma operação que resultou no cumprimento de dois mandados de busca e apreensão ligados a uma investigação de grande repercussão. O alvo é L.B., de 45 anos, empresário conhecido no ramo de energia sustentável e proprietário de uma empresa com sede em Umuarama. Ele é investigado por envolvimento em um esquema de estelionato e lavagem de dinheiro que teria movimentado valores milionários.
As ordens judiciais foram expedidas pelo Poder Judiciário da Comarca de Umuarama e cumpridas em dois endereços diretamente vinculados ao investigado: sua residência, em um condomínio de alto padrão na Avenida Rio Grande do Sul, e a sede da empresa, no bairro Parque Residencial da Gávea.
Durante as diligências, os policiais civis apreenderam documentos que podem auxiliar nas investigações, além de duas pistolas calibre .380 devidamente registradas. Entretanto, também foram encontradas quatro munições calibre .38 para as quais o empresário não apresentou documentação legal, o que resultou em flagrante por posse irregular. L.B. teve fiança arbitrada em R$ 2 mil, valor pago imediatamente, sendo liberado em seguida. O celular dele também foi apreendido e passará por perícia, a fim de coletar novos elementos de prova.
O inquérito teve início em maio de 2025, quando um produtor rural de 62 anos, morador de Maria Helena, registrou boletim de ocorrência denunciando ter sido vítima do golpe. Segundo o relato, em janeiro de 2024, ele firmou contrato com a empresa de L.B. para a aquisição de duas usinas fotovoltaicas e arrendamento da energia. O empresário teria garantido retorno fixo de R$ 8 mil mensais durante oito anos.
O plano previa a contratação de um financiamento bancário para instalação das usinas, com promessa de que as parcelas seriam pagas pela empresa investigada. Contudo, a vítima foi surpreendida ao descobrir um contrato de empréstimo rural em seu nome no valor de R$ 1,2 milhão junto à Caixa Econômica Federal de Paranavaí. Nenhuma usina foi instalada, as parcelas não foram quitadas e o produtor acabou com o nome negativado, correndo risco de perder patrimônio.
Com base neste caso, a Polícia Civil identificou outras ocorrências em diferentes municípios, todas com o mesmo modo de operação. Em Paranavaí, dois contratos fraudulentos somaram R$ 5 milhões. Em Assis Chateaubriand, as fraudes chegaram a mais de R$ 5,2 milhões, enquanto em Marechal Cândido Rondon o prejuízo foi de R$ 2,1 milhões. Em todos os casos, os financiamentos eram realizados pela Caixa de Paranavaí e os valores transferidos para contas da empresa de L.B., sem que os serviços contratados fossem executados.
Além da investigação da PCPR, a 7ª SDP de Umuarama recebeu da Polícia Federal de Maringá um documento apontando que cerca de 80 produtores rurais de municípios como Palotina, Assis Chateaubriand, Amaporã e Umuarama denunciaram ter sido enganados pelo mesmo esquema.
As denúncias revelam que os contratos apresentavam sempre o mesmo padrão: proposta atraente de retorno financeiro, financiamento bancário em nome do produtor e descumprimento integral por parte da empresa investigada. O prejuízo acumulado pode ultrapassar dezenas de milhões de reais.
A Polícia Civil informou que os documentos e equipamentos apreendidos serão analisados minuciosamente. O objetivo é mapear a extensão dos prejuízos, identificar todas as vítimas e rastrear a movimentação financeira da empresa.
A corporação ainda orienta que produtores ou investidores que tenham firmado contratos semelhantes procurem imediatamente a delegacia mais próxima para registrar boletim de ocorrência. Esses registros são considerados fundamentais para o avanço do inquérito e a responsabilização dos envolvidos.
Casos registrados fora da área de atuação da 7ª SDP serão conduzidos por delegacias locais, podendo haver integração com outras unidades da Polícia Civil e, se necessário, apoio da Polícia Federal. As investigações continuam em andamento e não está descartada a possibilidade de novos desdobramentos, incluindo o indiciamento de outros envolvidos no esquema.
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