A Polícia Militar Ambiental de Umuarama constatou hoje (sexta-feira, 26) graves danos ambientais em uma propriedade rural localizada no distrito de Vila Rica do Ivaí, em Icaraíma. A área é a mesma onde, recentemente, foram encontrados enterrados os corpos de quatro homens desaparecidos e o veículo que eles utilizavam, o que reforça a ligação do local não apenas com crimes ambientais, mas também com atividades criminosas investigadas pela segurança pública.
Durante os meses de agosto e setembro, após intensa busca das forças de segurança, foram localizados os corpos de Alencar Gonçalves de Souza Giron (36 anos); Rafael Juliano Marascalchi (43 anos); Robishley Hirnani de Oliveira (53 anos) e Diego Henrique Afonso (39 anos), que haviam desaparecido em Icaraíma 44 dias antes. O caso ganhou repercussão estadual pela brutalidade e pelas circunstâncias da execução, com indícios de tortura antes das mortes. Os quatro eram considerados desaparecidos desde o início do mês e, após diligências, as equipes encontraram tanto os corpos quanto o carro usado pelo grupo enterrados em uma região de mata fechada, justamente na mesma área fiscalizada agora pela Polícia Ambiental.
Durante a vistoria ambiental, os policiais constataram a presença de bovinos dentro de Áreas de Preservação Permanente (APP), de Reserva Legal e também em vegetação nativa em estágio médio de regeneração da Mata Atlântica. O pisoteio constante do gado comprometeu a cobertura vegetal, favorecendo o assoreamento dos corpos hídricos e a compactação do solo. Foi verificada ainda a ausência de cercamento, o que permitiu o livre acesso dos animais às áreas sensíveis.
Além disso, a fiscalização identificou supressão irregular de vegetação em diferentes pontos da propriedade e estruturas clandestinas conhecidas como “bunkers”. Segundo os policiais, esses espaços eram utilizados por criminosos para a ocultação de veículos, drogas e até corpos, como se confirmou no episódio dos quatro desaparecidos.
A análise do Cadastro Ambiental Rural (CAR) da propriedade confirmou que a área está inserida na Área de Preservação Ambiental das Ilhas e Várzeas do Rio Paraná. Por isso, as penalidades foram agravadas. O levantamento apontou três frentes de danos ambientais: 65,86 hectares de devastação em Área de Preservação Permanente, 131,71 hectares em Reserva Legal e 80,98 hectares em vegetação nativa em estágio médio de regeneração, somando 278,55 hectares embargados.
Foram lavrados seis Autos de Infração Ambiental, totalizando R$ 7.548.000,00 em multas, além da comunicação ao Ministério Público. A propriedade está arrendada, e a análise contratual apontou que tanto o proprietário quanto o arrendatário são responsáveis pelos prejuízos ambientais. Ambos foram notificados a retirar o gado das áreas de mata e providenciar o cercamento. Caso descumpram as determinações, os animais poderão ser apreendidos.
O caso agora deve ter desdobramentos tanto na esfera criminal quanto na cível, já que o Ministério Público vai analisar a responsabilização dos envolvidos. A investigação reforça o caráter sensível da área de Vila Rica do Ivaí, que além de abrigar um bioma protegido, tornou-se palco de crimes ambientais e também de um dos episódios mais violentos da história recente de Icaraíma.
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