O vice-presidente, Geraldo Alckmin , e equipe técnica do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços ouviram nesta quarta-feira (1º/10) um grupo de 40 lideranças empresariais e políticas dos setores madeireiro e moveleiro do Paraná, incluindo prefeitos da região Sul do estado, em audiência articulada pelo deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR). O motivo do encontro foi levar até o governo federal os apelos das indústrias e dos setores produtivos em crise no estado, que sofrem um dos impactos mais perversos do tarifaço imposto pelo presidente norte-americano Donald Trump.
Entre as lideranças paranaenses, participaram da reunião em modo remoto os prefeitos municipais de Bituruna, Rodrigo Rossoni (PSDB), e de São João do Triunfo, Mário Cezar (PT). Eles apresentaram indicadores da crise e do quanto ela vem afetando as economias locais, com paralisação de atividades, ameaças à manutenção dos empregos e queda na renda das famílias. Em Bituruna, município de pouco mais de 15 mil habitantes, 87% da economia é dependente dos setores afetados.
Paulo Roberto Pupo , da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (ABIMCI), do município de Imbituva, disse que, nos próximos dias, estão previstas de 4 a 6 mil demissões na área e afirmou ainda que uma cena dramática de se ver na região “são empresas vazias, com apenas duas pessoas trabalhando e os demais em férias coletivas, sem a perspectiva de retornarem a seus postos por conta da crise”. Guilherme Randa , empresário do ramo de fabricação de portas, molduras e compensados, destacou que, ainda que as empresas continuem a produzir, não têm onde estocar seus produtos, pois o mercado nacional não absorve e isso gera uma crise logística, sem levar em consideração a concorrência doméstica.
“É um setor que exporta muito para os Estados Unidos, que está enfrentando dificuldades e que necessita de medidas urgentes”, disse o deputado Zeca. “Nós saímos, é claro, da reunião, levando todo o apoio do vice-presidente Alckmin. Há uma expectativa muito positiva e muito grande também em relação à conversa que está sendo construída e que acontecerá brevemente entre os presidentes Lula e Trump ”, disse Zeca.
Transmitindo muita seriedade e otimismo, o vice-presidente falou dos avanços recentes nas negociações bilaterais, como a redução de tarifas e até a retirada e isenção da taxação de alguns produtos, como a celulose – que representa cerca de 4% das exportações brasileiras -, o ferro níquel e os herbicidas. Madeira macia e serrada, por exemplo, tiveram a taxação de 50% reduzida para 10%. Já móveis de madeira, estofados, armários de cozinha, lavabos, entre outros, foram citados entre os produtos que tiveram tarifas cortadas pela metade: de 50% para 25%, ficando nos patamares das mesmas taxas praticadas por Trump junto aos demais países, com exceção das relações estabelecidas junto ao Reino Unido.
Outra notícia que alivia a preocupação dos setores produtivos afetados pelo tarifaço norte-americano diz respeito à expansão dos negócios brasileiros junto a outros mercados internacionais, como México e Emirados Árabes Unidos. “Alguns setores, algumas áreas da indústria brasileira que exportam para os Estados Unidos já tiveram tarifas retiradas, e é isso que a gente espera que aconteça com o setor da madeira processada mecanicamente, que gera entre 40 a 60 mil empregos no Paraná”, reforçou Zeca Dirceu.
“Muitos desses empregos estão em risco, alguns trabalhadores já encontram-se em férias, outros em licença. Nós queremos que o setor seja reativado, possa voltar a competir de igual para igual com todo mundo”, disse ele.
Para o deputado Zeca Dirceu, “o Paraná produz madeira, compensados e molduras de qualidade. Nosso compromisso é levar essa questão também para a área política do governo, para o Ministério das Relações Exteriores, ou seja, fazer um grande esforço para que a gente possa ter resultados em breve”, completou.
Os empresários e lideranças políticas devem se reunir, nos próximos dias, para aprofundar informações sobre o funcionamento do Programa Brasil Soberano , do crédito do Reintegra e do Fundo Garantidor , as oportunidades de acesso e as vantagens oferecidas através do BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - e dos bancos públicos e privados para socorrer os setores mais prejudicados pelo tarifaço. “O fundo garantidor depende da aprovação do Congresso, porque não pode ser por Medida Provisória, por isso, reafirmo o compromisso de acompanhar de perto essa questão”, concluiu o deputado do Paraná.
Armando Giacomet , da Braspine Madeiras, do município de Jaguariaíva, lembrou que será necessário avaliar bem todas as possibilidades, pois os financiamentos são vinculados à empregabilidade e “é preciso vender para manter os funcionários em atividade no setor”.
Mín. 20° Máx. 30°