Nem deu tempo de ajustar o assento no plenário e o novato Washington Guirão já mostrou que seu mandato será, digamos, itinerante. Um dia após tomar posse por decisão judicial, o vereador decidiu que precisava “resolver assuntos importantes” em Curitiba. Modernidade, videoconferência, economia? Nada disso. O homem é das antigas – prefere resolver tudo cara a cara, ainda que a cara custe caro.
Guirão arrumou as malas e partiu para a capital em missão oficial, com direito a R$ 3.098,84 em diárias, carimbo da presidência da Câmara e discurso de que estava “representando o povo”. No pacote, reuniões com deputados estaduais, secretários e até o Tribunal de Contas – compromissos tão nobres quanto perfeitamente possíveis via chamada de vídeo.
Mas o parlamentar não foi sozinho. Como dirigir em rodovia é “coisa perigosa” para um político recém-chegado ao cargo, ele convocou seu fiel escudeiro, o assessor João Batista Teixeira de Lima, que também recebeu R$ 2.213,44 em diárias. Afinal, fiscalizar planilhas e segurar o volante ao mesmo tempo seria um esforço desumano.
Questionado sobre a necessidade da dupla em campo, Guirão explicou: “não dirijo em rodovia”. Simples assim. Fica a expectativa: quando chegar a hora de visitar bairros mais afastados, chamará o motorista oficial ou um Uber democrático?
A jornada curitibana incluiu encontros com o presidente da Assembleia, e com o deputado Matheus Vermelho, além de uma passada pela Secretaria de Estado da Saúde e pelo Tribunal de Contas. O roteiro impressiona, mas a urgência... nem tanto. Em 2025, quando até audiências judiciais já acontecem por vídeo, a viagem soa mais turística que institucional.
Resultado: o povo de Umuarama paga a conta, enquanto o novo vereador inaugura seu mandato no modo “turismo cívico”, com diárias gordas, carro oficial e zero constrangimento.
Se o ritmo se mantiver, Guirão promete movimentar a política local — literalmente. Só resta saber se será lembrado pelas leis que aprovar ou pelos quilômetros que rodar.
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