18°C 29°C
Umuarama, PR
Publicidade

PF desmantela rota criminal que usava Icaraíma como porta de entrada no Paraná

Operação Forragem expõe rede interestadual de contrabando, descaminho e tráfico que transformou a pequena cidade em base estratégica

26/11/2025 às 16h00
Por: Alex Miranda
Compartilhe:
Ilustrativa
Ilustrativa

A pequena Icaraíma, às margens do Rio Paraná, voltou hoje (26), ao centro das atenções nacionais. A Polícia Federal, com apoio da Receita Federal, deflagrou a Operação Forragem, que mirou uma organização criminosa responsável por abastecer três estados com cigarros contrabandeados, eletrônicos de descaminho, artigos de pesca irregulares e drogas. A ofensiva coordenada envolveu 45 policiais federais e resultou no cumprimento de 11 mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal. As ações ocorreram em municípios do Paraná, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul — entre eles Maringá, Iguatemi, Paiçandu, Mandaguaçu, Floresta, Apucarana, Arapongas, Itaquiraí e Caxias do Sul — num esforço conjunto para interromper uma cadeia ilícita que vinha funcionando com fluidez surpreendente.

As investigações revelaram que Icaraíma não era apenas um ponto de passagem: a cidade funcionava como um entreposto logístico do crime organizado. Carregamentos de cigarros oriundos do Paraguai chegavam pelo Rio Paraná e eram descarregados na região, onde seguiam para depósitos na área de Maringá. Dali, eram redistribuídos para estados vizinhos, como São Paulo e Rio Grande do Sul. O esquema incluía ainda o descaminho de eletrônicos comercializados em plataformas digitais e a distribuição ilegal de artigos de pesca por meio de empresa vinculada a um dos investigados.

Parte do grupo expandiu ainda mais as atividades, ingressando no tráfico de drogas. Para isso, utilizavam pessoas como “mulas” em ônibus de linha, estratégia que permitia à quadrilha ampliar o alcance e reduzir riscos de grandes carregamentos. A estrutura, segundo a PF, era organizada, hierárquica e operava como uma empresa informal, movida pelo lucro rápido e pela sensação de impunidade que a região de fronteira costuma oferecer.

A escolha por Icaraíma não era coincidência. A cidade, apesar do tamanho modesto, acumulava episódios recentes que já demonstravam a infiltração de organizações criminosas. O caso mais emblemático foi o assassinato de quatro homens ligados à cobrança de dívidas da família Buscariollo — crime brutal que chocou autoridades e cuja investigação ainda mantém dois suspeitos foragidos. Antes disso, homicídios associados ao tráfico e tiroteios em áreas urbanas já apontavam para um ambiente de tensão permanente, reforçando a urgência de ações integradas como a Operação Forragem.

Fontes da PF afirmam que a geografia da região favorecia o esquema: proximidade com o Paraguai, facilidade de navegação pelo Rio Paraná e acessos rodoviários discretos, ideais para armazenar e movimentar mercadorias antes da distribuição para grandes centros como Maringá e Apucarana. A Receita Federal, atuando ao lado da PF, foi fundamental para rastrear volumes, apreender documentos e identificar a origem dos produtos ilegais, ampliando o alcance das investigações.

A Forragem, no entanto, pode ser apenas a primeira etapa de uma ofensiva maior. Com o material apreendido e novas frentes de investigação abertas, a PF admite que outras fases da operação devem ocorrer nos próximos dias, com o objetivo de encerrar de vez as ramificações do esquema interestadual.

Enquanto isso, Icaraíma vive um misto de alívio e alerta. A operação traz a sensação de respiro, mas também evidencia como cidades pequenas de fronteira seguem vulneráveis a redes criminosas complexas, que aproveitam brechas logísticas para movimentar milhões em produtos ilegais. As autoridades reforçam que o combate ao crime organizado depende de vigilância contínua e cooperação entre forças policiais — especialmente em regiões onde a tranquilidade aparente pode esconder engrenagens inteiras do mercado ilícito.

Lenium - Criar site de notícias