A Fundação Cultural recebeu obras do multiartista Edu Tadeu. Uma pequena parte do acervo foi cedida pela irmã e curadora Etel Frota. Fragmentos da rica produção do artista, que passou parte de sua vida em Umuarama – onde faleceu em 25 de dezembro do ano passado – foram entregues ontem (28) pela curadora, ao secretário municipal de Cultura, Rodrigo Fernandes Pereira, e serão dispostas para visitação e oficinas culturais na Biblioteca Rocha Pombo.
“A curadora deixou esse acervo sob os cuidados da Fundação Cultural. É uma doação para o acervo cultural do município. As obras ficam sob nossa responsabilidade até o final da gestão, quando a curadora reavaliará se o material continuará aqui ou seguirá para algum museu ou sala de memória”, explicou o secretário.
Nascido em Cornélio Procópio (1956), Edu Tadeu transitou pelo Norte do Paraná – com destaque para Londrina –, também pela capital Curitiba e Santa Catarina, vindo se estabelecer em Umuarama, o que conferiu ar ‘pé-vermelho’ à sua produção artística. “Ele dedicou cada dia de seus 78 anos à arte. Arte bruta em materiais, arte visionária em temas e abordagens, arte sequencial não apenas no conceito quadrinista, mas sobretudo no eterno retorno de temas e imagens”, classifica a irmã e curadora.
É assim que a analogia entre o dragão celeste chinês e a serpente emplumada das civilizações pré-colombianas vai se repetindo em suas narrativas visuais, desde a revista ‘Mitacoré’ (1993), o projeto ‘Chuva e Barro’ (1994), até os trabalhos mais recentes, como “Amazontown”. Em algum momento essa serpente foi concretizada em um objeto feito com materiais recicláveis.
‘Candinho, uma saga’ foi livro, fanzine, novela de rádio e trabalhos acadêmicos. “A profundidade da pesquisa e a enormidade de trabalho plástico e literário já realizados para todos esses – e outros – projetos certamente merecem estudos e continuidade. Todo o material referente a cada um deles está reunido”, acrescenta Etel Frota. O trabalho de resgate, organização e inventário dessa obra também tem o signo do incompleto.
“Em inúmeras e insuspeitadas (ou presumidas) conexões, verdadeira câmara de ecos, cria de um bom anarquista, a obra de Edu Tadeu não acata facilmente catalogações e categorizações. Concebida e parida na liberdade, é assim que sobreviverá ao autor – caos e gênio espremidos em caixas. Foi a parte que me coube desse latifúndio e é assim que a ofereço em nome de Edu Tadeu – como trabalho em progressão de/para homens em processamento”, completa a curadora.
Com a cessão das obras, além de mais conhecimento o que se espera é a continuidade da arte de Edu Tadeu. O escritor e parceiro Augusto Silva Leber tem vários trabalhos inacabados do artista à espera de desenhistas para dar forma aos pensamentos. “Faremos oficinais para mostrar esse trabalho e conquistas parceiros pra ilustrar as ideias e seguir adiante. Temos muitos materiais ainda. A arte do Edu Tadeu precisa continuar”, disse.
Acompanhar a cessão dos materiais, ainda, Sérgio Augusto de Souza, outro irmão do artista, e a amiga Isabel Cristina Lazzarin, colabora na empreitada de promoção desse trabalho único que ainda tem muito que ser mostrado. “A Fundação Cultural e a cultura de Umuarama agradecem a disposição dos familiares e amigos do Edu Tadeu, com o compromisso de cuidar dessa obra e levá-la à população para despertar e inspirar novos artistas”, finalizou o secretário Rodrigo Pereira.
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